17/04/2018

Mulher Primavera

Foto encontrada na net sem referência ao autor 

Primavera
Assume-te fecunda
De novas vidas a florescer
No teu corpo de mulher
Desnuda de todo o pudor
É teu o poder da gestação
Acto quase transcendente
O de dar novas vidas à vida
No chão que germina a semente
Em teu ventre de fémea
Sempre a atrair sedução
Há a magia da reprodução
E a história de outras eras

Porque tu és mulher, Primavera! 



16/04/2018

Em "Acrescenta Um Ponto Ao Conto"


Em “Acrescenta Um Ponto Ao Conto” escrevemos contos a várias mãos. Semanalmente, um dos participantes escreve um capítulo que faz parte da história que nesse momento estamos a desenvolver. Não é fácil pegar num enredo que vem de trás e dar-lhe continuidade de forma coerente e criativa, mas é uma experiência enriquecedora. Nem sempre o rumo que a história toma é aquele que escolheríamos, e por vezes até nem gostamos, mas aceitamo-lo, trabalhamo-lo e no fim conseguimos que seja nosso.
Claro que para tudo isto é necessário que haja abertura de espírito e por isso felicito os meus companheiros de escrita.

Esta semana foi a minha vez de acrescentar um capítulo ao conto “Voar Sem Asas”






13/04/2018

Ti Alfredo

Fotografia©Maria João Solano Silva


“Ti Alfredo”… para os alegretenses e para tantos outros por cujas terras passava a alvorecer festas e romarias. Mestre na sua arte. Todos os anos, no dia quinze de Agosto pelas sete da manhã, lá estava ele no alto da muralha a anunciar o início dos festejos. Festas em honra de Nossa Senhora d’Alegria, das mais antigas do Alentejo e quiçá do país. O momento era de emoção, era o momento que acordava toda uma população, ansiosa por cumprir a tradição que há nascença herdara. E ele sabia-o: demonstrava-o pela forma minuciosa com que fazia cada sequência de fogo. Era diferente em cada festa. As casas de família, cheias com os residentes e com os que regressavam, ano após ano, sempre naquela data, despertavam assim durante aqueles dez ou quinze minutos de estrondosa alegria. De seguida, ouvia-se a banda. Por todas as ruas da vila, a banda soltava melodiosos acordes e instalava-se o clima de festa, que durava pelos próximos dois ou três dias.
A banda, essa ainda continua a acordar a população, todos os anos, no dia quinze de Agosto, pelas sete da manhã. Mas o “Ti Alfredo”, nunca mais soube nada dele. Os “Ti Alfredos” já não podem alvorecer festas e romarias.




02/04/2018

Saio Pela Tardinha - in Alegrete em Poesia




Saio pela tardinha,
sentindo o aroma das flores
e a brisa que refresca a noite,
anunciando-se mansinha,
traz com ela os seus odores.

Mescla de alma com sentimento,
frutos maduros e roseirais,
há no ar um encantamento
ao ouvir o canto dos pássaros,
que se espraiam nos beirais.

Embalo dos meus sonhos, 
do meu eu mais profundo.
Mesmo querendo mais, 
retorno sempre cá, do mundo
onde me exponho.

Para não permitir que adormeça,
no meu ser dolorido,
a força do meu coração.
Embora reconheça com emoção,
amor assim jamais será esquecido. 


          Esta é uma obra simples e singela - como são as coisas belas da vida - onde se reúnem alguns poetas de Alegrete, que com muita honra coordenei.